
Fotografia original: Tania Cataldo
A dentição de um cavalo é das coisas mais importantes que devemos conhecer, por várias razões: constatar o bem-estar do animal, compreender a sua anatomia e saber como agir com ele, saber com alguma precisão a idade do animal (para não cairmos em esparrelas), entre outras.
Ora, tal como nós, também os cavalos têm uma dentição específica. No caso deles, a dentição permite distinguir machos de fêmeas. Um cavalo adulto macho tem 40 dentes enquanto que as fêmeas adultas têm 36. Esta diferença deve-se à ausência dos caninos nas fêmeas.
Além disto, a sua dentição vai sofrendo mudanças ao longo da sua vida, uma vez que sofre desgaste e os seus dentes têm crescimento contínuo. As fases são, no total, sete.
Estas mudanças dão-se sempre das pinças para os cantos, portanto, nos incisivos.
Estrutura de um dente
Um dente divide-se em 3 partes: a raiz, o colo, e a coroa. Varia de forma consoante a idade do cavalo, sendo que os dente de leite são mais curtos e redondos e os dos adultos são mais longos e afiados.
Enquanto que nós, humanos, temos dentes sem mesa nos incisivos (o que significa que na ponta mais externa não temos praticamente área, é mais como que uma lâmina) com os cavalos não acontece o mesmo.
Eles têm dentes largos na extremidade, para puderem trancar, puxar e rasgar as ervas necessárias, tendo assim maior área de contacto.
Esta área, com o desgaste dos dentes, ao longos do tempo, vai diminuindo.
Constituição da dentição
Os dentes dividem-se (de frente para trás) em incisivos, caninos (nos machos), pré-molares e molares.
Os incisivos são 12 (6 no maxilar superior e 6 no maxilar inferior), os caninos são 4 (no mesmo esquema que os incisivos), 12 pré molares (6 + 6) e 12 molares (6 + 6).
Esta é a dentição adulta.
No caso dos poldrinho, no total, e antes de mudar a dentição, tem 24 dentes dentes caducos. São os 12 incisivos e os 12 molares.
Fases da dentição
A dentição, sofrendo mudanças ao longos dos anos, divide-se em sete fases:
Fase 1 – Erupção dos Caducos
- Nascem os pinças (dentes incisivos da frente) até à primeira semana de vida;
- Nascem os médios (dentes incisivos seguintes aos pinças) até ao primeiro mês de vida;
- Nascem os cantos (incisivos mais das pontas) até ao sexto mês de vida.
Fase 2 – Rasamento dos Caducos
- Rasam os pinças ao ano;
- Rasam o médios ao ano e meio;
- Rasam os cantos aos dois anos.
Fase 3 – Muda dos Caducos
- Os pinças mudam-se aos dois anos e meio e acabam de crescer aos três anos;
- Os médios mudam-se aos três anos e meio e acabam de crescer aos quatro anos;
- Os cantos mudam-se aos quatro anos e meio e acabam de crescer aos cinco anos.
Fase 4 – Rasamentos dos Definitivos
Surgem os caninos nos machos, entre os cinco e os seis anos.
- Começam a rasar os pinças aos seis anos;
- Começam a rasar os médios aos sete anos;
- Começam a rasar os cantos aos oito anos.
Fase 5 – Arredondamento dos Incisivos
Nesta fase, os incisivos que antes eram rectos na parte de fora e redondos na parte interior, começam agora a ficar arredondados, devido ao desgaste.
- Os pinças começam a arredondar aos nove anos;
- Os médios, ao dez anos;
- Os cantos entre os onze e doze anos.
Fase 6 – Triangularidade
Na continuidade do desgaste dos dentes, começa a atingir-se a triangularidade, o que significa que os dentes tomam a forma de triângulos, com o bico virado para dentro.
- Pinças: aos 14 anos;
- Médios: aos 15 anos;
- Cantos: entre os 16 e 17 anos.
Fase 7 – Biangularidade
Nesta fase o ângulo feito entre os incisivos do maxilar superior e inferior começa a agudizar.
- Pinças: aos 18 anos;
- Médios: aos 19 anos;
- Cantos: aos 21 anos.

Linha de Galvayne
Também começa a surgir, perto dos 10 anos, uma linha nos cantos superiores, que começa em cima, perto da gengiva e atinge, aos 20 anos, o fim do dente. Esta linha é conhecida como Linha de Galvayne.
Problemas relacionado com a dentição
Surgem, por vezes, problemas relacionados com a dentição dos animais. Nestes casos, chamar um veterinário é uma boa opção, uma vez que na maioria dos casos, só a sua intervenção solucionará os problemas.
Dois dos problemas possíveis são:
A cauda de andorinha

Cauda de andorinha
Consiste numa aresta, formada nos cantos (incisivos), devido a desgaste do dente, na sua parte mais central, pelo que fica com um bico na ponta mais afastada dos pinças.
A cauda de andorinha aparece por volta dos sete anos e novamente por volta dos 13. Em ambos os casos acaba por desaparecer, com o tempo e uniformização do desgaste.
Durante esta fase, à que prestar atenção especial às fezes do animal, tentando ver se a situação dentária lhe permite triturar e esmagar bem os alimentos, o que é vital para evitar problemas graves como as cólicas.
Monitorize também se o animal diminui a quantidade de alimento ingerido, ou não.
O dente de lobo

Dente de lobo
Este dente é um dente que cresce, em alguns cavalos (predominantemente fêmeas e de raças mais especificas, como o PSI e PSA), mesmo encostado ao primeiro pré-molar, na barra em que funcionam as embocaduras.
Como é fácil de perceber, dado que o ferro na boca vai trabalhar a provocar dor num dente e não a tocar na barra, que este traz problemas na monte do animal. Devido à dor, o cavalo recusa-se a trabalhar, não responde da melhor maneira e até pode ser agressivo em reacção.
Para evitar que estes casos atinjam tais proporções, o melhor método é proceder à remoção do dente de lobo, o mais cedo possível, uma vez que em animais velhos, já este dente estará partido.
Bibliografia: Compêndio sobre Equinos, por Dr. Pedro Pinto Bravo | fmv.utl.pt (PDF), saudeanimal.com.br
Tópicos: Saúde Animal, Cavalos, Animais de Quinta, Artigos em Destaque